quinta-feira, 16 de maio de 2013

Para bilionário da Bovespa, qualquer um pode ficar rico com ações

Luiz Barsi diz que basta seguir três regras simples e ter paciência e disciplina para enriquecer na bolsa
Por João Sandrini  
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(SÃO PAULO) - todos os meses, o paulistano Luiz Barsi recebe milhões de reais em dividendos pagos pelas empresas onde investe. Com mais de R$ 1 bilhão na Bovespa, ele diz que qualquer um pode enriquecer com ações. Basta comprar papéis baratos, negociados abaixo do valor patrimonial, e esperar. No começo, será necessário ter paciência para que a empresa comece a apresentar resultados melhores e disciplina para aplicar capital todos os meses na bolsa. Mas chegará um momento em que apenas o reinvestimento dos dividendos recebidos será suficiente para que a pessoa enriqueça.Acompanhe a cotação de todos os fundos imobiliários negociados na bolsa
Vinda de outra pessoa, a fórmula acima soaria como uma simplificação banal da realidade. Mas o fato é que Barsi diz que foi de pobre a bilionário fazendo apenas isso. O investidor morou em cortiço na infância e engraxou sapatos para ajudar a mãe a pagar as contas após a morte do pai. Tomou contato com o mercado financeiro na década de 1960, começou a investir e não parou mais. O enriquecimento não mudou seus hábitos. Com Warren Buffett, ele diz ter aprendido a levar uma vida sem luxos. Barsi vai trabalhar de metrô e costuma dirigir uma Chevrolet Zafira. Trabalha há 16 anos num escritório sem decoração no centro de São Paulo, com móveis antigos, TVs de tubo empilhadas e uma persiana que não funciona na janela. Na entrevista a seguir, Barsi detalha sua estratégia e diz por que considera um mau negócio empresas que não são negociadas na bolsa, PGBL, VGBL, imóveis, renda fixa e caderneta de poupança:
Luiz Barsi Filho: torço para que as ações caiam eu eu possa comprar papéis mais baratos (Rodrigo Paiva)
Luiz Barsi Filho: torço para que as ações caiam eu eu possa comprar papéis mais baratos (Rodrigo Paiva)
Como enriquecer na bolsaO melhor momento para entrar na bolsa é quando acontece uma crise socioeconômica. Como tem muito incompetente neste País, crise não falta. Em 2008, uma crise socioeconômica fez com que as ações caíssem. Você acha isso ruim? Meus recursos vibraram porque eu pude comprar ações por um ótimo valor E independente do momento de entrada, é absolutamente impossível deixar de ganhar dinheiro no mercado de valores se você respeitar três regras. É preciso investir só o recurso que você não vai usar no curto ou médio prazo. A segunda regra é nunca comprar uma dica. A definição universal de investidor é aquele indivíduo que avalia um segmento da economia, os fundamentos de uma empresa, o valor de uma ação e os riscos. Já o investidor brasileiro é o especulador que recebeu uma dica errada. Veja o monte de gente que comprou ações de incorporadoras em 2008. O cara comprou Gafisa a R$ 22 e hoje vale R$ 5. A dica virou zica. Só peça ajuda a alguém se você tem absoluta certeza que ele é um vencedor na bolsa. A terceira regra é nunca vender ações por necessidade. Além das três regras, ainda é necessário ter disciplina e paciência. Quem faz isso fica rico.
Dividendos para a aposentadoria
Eu estimulo as pessoas a montar uma carteira previdenciária. Em 2008, chegou uma senhora aqui que tinha recebido um dinheiro do seguro de vida após a morte do marido. Ela disse que estava em dúvida entre comprar o apartamento onde morava ou investir em ações para a aposentadoria. Eu perguntei a ela se R$ 67 mil por mês de aposentadoria estava bom. Ela arregalou os olhos. Eu disse que era fácil conseguir isso, era só comprar 1 milhão de ações da Eternit por R$ 3,8 milhões [preço da época]. Como a ação paga R$ 0,80 por ano em dividendos, com 1 milhão de ações ela receberia R$ 800 mil por ano ou R$ 67 mil por mês. Ela disse que não tinha tanto dinheiro. Eu disse para ela cortar um zero, que compasse 100 mil ações para receber R$ 80 mil em dividendos ao ano. Ela comprou ações da Eternit e começou a reinvestir na bolsa o que recebesse em dividendos. Com o que ela ganhou em dividendos e valorização dos papéis, hoje pode comprar todo o prédio de seis apartamentos onde mora. Não é preciso ter muito dinheiro. Comece pequeno, mas não pare. Vai chegar uma hora em que não será preciso colocar mais nada. Os próprios dividendos reinvestidos vão permitir que você continue enriquecendo.
Quer saber mais sobre os termos usados no mercado financeiro? Acesse o glossário InfoMoney 
Onde investir
Gosto de setores que a economia não vive sem eles. Eu tenho participações na Klabin, Eletrobras, Eletropaulo, Transmissão Paulista, Suzano, Ultrapar, Unipar, Eternit e Banco do Brasil porque essas empresas não vão quebrar nunca. Se tivesse que investir em um negócio hoje, escolheria algo em que o consumidor paga mesmo sem usar. Quando você viaja e fica um mês fora de casa, mesmo assim você paga algo na conta de luz. Banco é a mesma coisa. Você sempre paga tarifa. Antes o banco lhe remunerava com um jurinho mesmo que você deixasse o dinheiro na conta corrente. Hoje ele lhe cobra para ter uma conta corrente. Ele ainda toma dinheiro dos clientes pagando 6% ao ano e empresta a 200% no cartão de crédito. Outros setores que gosto são telecomunicações e saneamento.
Como empobrecer na bolsa
Há três tipos de compradores que serão perdedores natos e nunca vão enriquecer na bolsa: quem compra ações para especular, quem investe em fundos passivos que apenas seguem o Ibovespa sem fazer uma análise dos melhores papéis e quem usa opções ou contratos a termo para se alavancar. Se alavancar, virou jogatina.
Não compre na baixa e venda na alta
As pessoas geralmente examinam as cotações das ações com a ideia de comprar na baixa e vender na alta. Esse é um sentimento que o cidadão deve exorcizar. Eu compro na baixa e rezo para que baixe ainda mais. Quando você compra uma ação com o sentimento de vendê-la com um sobrepreço, você torce para que ela suba. Mas quando você tem um programa de 10 anos para enriquecer em que todos os meses você vai comprando um pouquinho mais de ações, você vai torcer para comprar mais caro? Não, né?
A Bovespa não é arriscada
O mercado de ações no Brasil não é de risco. Mercado de risco é nos EUA ou na Europa. Quem compra a ação de uma empresa lá paga muito mais do que o valor real, que pode ser representado pelo valor patrimonial. O patrimônio líquido é resultante de bens, direitos, valores e obrigações. Se você comprar um papel por menos ou muito menos que o valor patrimonial, não tem risco.
Setor elétrico é para comprar de pá
Recentemente tivemos um evento no setor de energia que exemplifica as oportunidades da Bovespa. A maioria das empresas do setor de energia era negociada por mais do que o valor patrimonial, com exceção da Eletrobras. Aí veio a presidente Dilma e baixou o preço da energia sem consultar ninguém. Muitas empresas de energia passaram a ser negociadas por bem menos que o valor patrimonial. Eu fui lá e comprei. Ao invés de fugirem do setor elétrico como fizeram, todos deveriam ter comprado mais. Eu comprei Eletropaulo e Eletrobras ON por causa de fatores técnicos, dados históricos e um retorno em dividendos mais interessante. Os outros fugiram por uma questão psicológica. Teve aquele analista do Barclays que disse que o preço justo da ação da Eletrobras era R$ 1. Eu estava rezando para que fosse a R$ 2, mas infelizmente não foi. Quando chegou a R$ 6, eu e um monte de gente compramos. Numa situação como essas, tem que ir lá e comprar com a pá. Como toda a estrutura que possui, a Eletrobras chegou a ter um valor de mercado de R$ 12 bilhões, sendo que só a usina de Belo Monte vai custar R$ 25 bilhões. Então é ridículo o preço que se atribui a ela.
Empresas fora da bolsa
Não invisto em empresas que não estão na bolsa. As empresas de capital aberto não exigem que se faça gestão para ser sócio. Eu não quero ser dono, eu quero ser um investidor parceiro. Uma vez me perguntaram o que eu achava de um posto de gasolina como investimento. Eu disse que era uma maravilha. Então me perguntaram por que eu não tinha um. Eu disse que preferia ter 4% de 5 mil postos de gasolina da Petróleo Ipiranga. Não tem dor de cabeça e ninguém me assalta. Não exercito o sentimento de dono. Se o negócio começa a ir mal, no mercado de valores você vende as ações e parte para outra.
Não invista em fundos de ações
Eu não conheço ninguém que ficou rico comprando fundo. Nos fundos, tem um sanguessuga permanente, que se chama taxa de administração, taxa de performance, taxa de êxito, taxa de acerto. Não tiram só do lucro, tiram do principal também. Você precisa ter um ganho extraordinário para suportar esses gastos.
Os lucros artificiais dos fundos
Um dos caras de mercado mais incríveis que conheci foi o Edmundo Valadão [um dos fundadores da Geração Futuro, morto em 2010]. Ele comprava uns lixos do mercado, que ninguém queria e que não tinham liquidez. Com algum dinheiro, ele conseguia comprar boa parte dos papéis em circulação dessa empresa, elevando as cotações. Mas era uma riqueza que não era verdadeira porque, se precisasse, ele teria dificuldade em vender aquela posição sem derrubar as cotações. Entre as empresas que ele valorizou, estão a Forjas Taurus e a Guararapes. Ele ajudou a multiplicar a cotação da Forjas Taurus por 15. Então imagine como o fundo dele subiu com isso? Mas esse tipo de lucro só serve para ele captar mais dinheiro. Por que o Bradesco e outros fundos nunca dão uma performance tão boa? Porque lá tem comitê de administração e o gestor não consegue fazer isso.
Warren Buffett
Uma das coisas que aprendi com o Warren Buffett é não ser um “patrocinator”. As pessoas sentem necessidade de mostrar à sociedade que têm grana. A primeira coisa que 99% das pessoas que ganham dinheiro fazem é gastar, é jogar para fora a essência de seus egos. Quem souber administrar esses egos, um dia vai ficar rico. Cada vez que ganha dinheiro, o Buffett o administra com lógica, competência e inteligência. Muitas pessoas não entendem o sentido de ele ter uma montanha de dinheiro e morar há tantas décadas na mesma casa. Mas se ele está bem naquela casa, por que ele precisa comprar um palácio? Ele não compra um carro de US$ 500 mil porque, para se locomover, não é necessário. O Buffett contempla a conta bancária.
Para se locomover, Zafira e metrô
Eu podia comprar 10 Mercedes, uma de cada cor. Sei que posso qualquer coisa, mas eu devo? Se acho uma imbecilidade, não faço. O carro em que ando com mais regularidade é uma Zafira [carro da Chevrolet que já saiu de linha]. Minha esposa recentemente me pediu uma SUV. Sabe qual comprei? Um Chery Tiggo [carro chinês] de R$ 50 mil. É a metade do preço de outros SUV, mas é um ótimo carro. Eu não tenho vaidade. Para trabalhar, venho todos os dias de metrô. É mais seguro. Eu vivo pensando em ações. Então às vezes estou no carro, vem alguma coisa à cabeça e me distraio. Já cheguei a passar no farol vermelho no cruzamento das avenidas Paulista e Brigadeiro Luís Antônio. Como no metrô nunca vai acontecer isso, mudei meu hábito. Gasto só com o que é necessário. Moro em uma excelente casa. Quando quero ir a uma churrascaria, vou ao Fogo de Chão.
PGBL e VGBL são conto do vigário
Com um fundo de previdência, as pessoas não conseguem enriquecer. Você já ouviu falar do Montepio da Família Militar? Era um fundo de previdência que quebrou [em 1986, deixando milhares de poupadores na mão]. Mesmo que não quebre, esses fundos tiram tanto em taxas cobradas dos poupadores que não dá o resultado esperado. Você já tentou comprar um PGBL ou VGBL? É um conto do vigário. Fiz um e coloquei R$ 100 por mês durante cinco anos. Quando fui resgatar, havia perdido 40%.
Renda fixa
Se você anotar todos seus gastos no começo e no final do ano e comparar o aumento com o que a renda fixa lhe paga, vai ver que sempre está perdendo poder aquisitivo. Aplicar na renda fixa rende menos que sua inflação. Renda fixa é perda fixa. Eu aplicava nisso quando dava 20% ao dia. Hoje vejo que a população ficou seduzida pelos retornos daquele período de inflação galopante e juros altos. O governo não incentivou a criação de investidores, criou um bando de agiotas que emprestam dinheiro ao banco e recebem pouco.
Poupança
A gente é muito atrasado na cultura de investimentos. O brasileiro foi acarneirado. Nas décadas de 1960 e 1970, havia propagandas de bancos na TV chamando as pessoas para investir na caderneta de poupança. Na época, o próprio governo incentivava isso porque precisava desse dinheiro para se financiar. As pessoas ainda acham que poupança é garantido e não tem risco. Mas, se o banco quebrar, o cidadão só recebe de volta R$ 250 mil. Como os mais jovens começaram a perceber isso, a isca mudou. Agora a cama de gato é para os garotinhos. O banco dá à criançada um bonequinho [os “poupançudos” da Caixa Econômica Federal] se o pai abrir uma caderneta. Nunca ninguém diz para você comprar ações e ficar rico.
Imóveis
Comprar um apartamento na planta e vender depois de seis meses não é investimento, é especulação. Se der sorte de comprar um imóvel e pegar um ciclo bom da economia ou então for construída uma estação de metrô ou um shopping na região, haverá uma valorização. Mas também pode dar errado. Não tem liquidez e não dá para se desfazer de só uma parte do investimento como na bolsa. Sem a inflação, os imóveis perderam o charme. O Poder Judiciário demora para ordenar o despejo de alguém que não paga aluguel. E as prefeituras podem tirar receitas do dono do imóvel. Elas jogam o valor venal do imóvel lá para cima para cobrar mais IPTU.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Conheça os 10 mandamentos do investidor de sucesso



02 de setembro de 2011 • 18h51 Por: Diego Lazzaris BorgesPortal Infomoney
SÃO PAULO – Investir o dinheiro pode parecer uma tarefa relativamente simples. Para muitos, basta escolher o produto em que se vai aplicar, ter dinheiro disponível e esperar pelos rendimentos no final da aplicação.
Entretanto, para realmente se obter sucesso com osinvestimentos, é importante seguir alguns conceitos básicos, que vão desde ter disciplina, até a criação de estratégias vencedoras, passando pela definição dos objetivos e pela educação financeira.
Pensando nisso, o especialista da MoneyFit, André Massaro, listou os dez mandamentos de um investidor de sucesso. Veja como você pode se tornar um:
1º mandamento – Ter dinheiro sobrandoSegundo Massaro, é surpreendente a quantidade de pessoas que mantém dinheiro investido em alguma aplicação financeira, mesmo enquanto estão devendo no cheque especial ou no rotativo do cartão de crédito.
“Esse fenômeno é conhecido como 'contabilidade mental' e é resultado de uma distorção de percepção em relação ao dinheiro. Quem quer ser um investidor de sucesso precisa primeiro se livrar das dívidas e 'arrumar a casa', e só depois pensar em investir", afirma.
2º mandamento – Investir primeiro em educação financeiraAntes de colocar o dinheiro onde quer que seja, é importante ter informação. “O investidor de sucesso deve investir primeiro em sua própria educação financeira, para que tome decisões corretas, adequadas aos seus recursos e às suas expectativas”, diz Massaro.
3º mandamento – Ter uma estratégia
“Este mandamento poderia se chamar 'não seguir o rebanho'”, afirma o especialista. Segundo ele, investidor de sucesso sempre tem um bom motivo, de natureza técnica, para investir em determinada ação ou título.
“E esse motivo está alinhado com a estratégia que ele escolheu para si. Ele nunca investe em determinado ativo apenas porque todo mundo está fazendo o mesmo”, diz.
4º mandamento – Saber quem ouvir
O especialista da MoneyFit ressalta que o investidor de sucesso deve alimentar uma boa dose de ceticismo com relação às recomendações financeiras.
“O investidor bem sucedido sabe que existem profissionais preparados e certificados para prestar determinados serviços, como administradores de carteiras, analistas e consultores de valores imobiliários. Quando o investidor de sucesso precisa de uma opinião externa, ele procura uma pessoa capacitada e autorizada a emitir essa opinião”, afirma.
5º mandamento – Ter Disciplina
De acordo com Massaro, a maioria dos investidores de sucesso são pessoas que investem dinheiro de forma regular e consistente, geralmente estabelecendo um valor fixo ou percentual da renda mensal para investir todo mês. “O sucesso nos investimentos raramente é fruto das grandes tacadas”, aponta.
6º mandamento – Ter expectativas realistasSe um investimento tem um potencial de retorno alto, o risco de perda é igualmente alto. “O investidor de sucesso sabe que não existe 'almoço grátis'”, ressalta o especialista.
Segundo ele, é importante saber quais são as taxas médias pagas por ativos de renda fixa e os retornos médios dos ativos de renda variável, e fazer as análises e projeções baseadas nesses números. “O investidor de sucesso é cético quanto a investimentos que se propõem a dar grandes retornos com baixo risco”, aponta.
7º mandamento – Saber diversificar
André Massaro aponta que uma das práticas mais rudimentares e, ao mesmo tempo, mais eficientes de gerenciar riscos em investimentos é diversificar. Por isso, ele acha importante estabelecer um percentual do capital a ser alocado em renda fixa e o restante em renda variável.
“Da parte que vai em renda fixa, você pode selecionar um determinado número de empresas e setores que garantam um bom equilíbrio na carteira. Na parte de renda fixa, também pode diversificar entre títulos públicos e títulos privados de instituições diversas”, aconselha.
8º mandamento – Saber aquilo que tem
Não adianta criar um procedimento de diversificação, alocar o dinheiro conforme planejado e simplesmente “esquecer” dele. “De tempos em tempos é importante fazer um balanço dos investimentos, analisando cada ativo individualmente, vendo aquilo que vale a pena manter e o que vale a pena descartar”, Diz Massaro.
“Também é importante fazer, periodicamente, o rebalanceamento de carteira, que são os ajustes necessários para que a carteira de investimentos permaneça enquadrada nos percentuais de diversificação previamente determinados”, continua.
9º - mandamento - Ter objetivos
O especialista enfatiza que o investidor de sucesso não guarda dinheiro apenas por guardar. “Ele investe por alguma razão”, diz.
Segundo ele, as razões para se investir podem ser muitas. “Ter uma reserva financeira que cubra 'x' meses de despesas caso algo ruim aconteça; ter recursos para investir em educação/viagens/bens materiais; gerar recursos para iniciar um negócio próprio; garantir uma aposentadoria confortável ou até mesmo uma aposentadoria antecipada”, lista.
10º mandamento – Ser “senhor” do dinheiro
O investidor de sucesso sabe que é importantíssimo ter disciplina e uma vida financeira equilibrada, mas ele também sabe que não deve deixar o dinheiro escravizá-lo. “Ele sabe que é importante viver com qualidade e desfrutar as coisas boas que a vida oferece, e que não deve se tornar uma pessoa sovina e mesquinha apenas para ter mais dinheiro sobrando para investir”, conclui.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Remédio de baixo custo é alternativa para tratamento da calvície

A Finasterida, comprada sem receita médica por até R$ 50, surge como alternativa para quem quer combater a calvície e se livrar de um transplante no futuro

CorreioWeb
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Por Guilherme de Almeida

Assim como o Viagra, medicamento comercializado pelo laboratório Pfizer e inicialmente usado para tratar pacientes com pressão baixa, a Finasterida não foi concebida para ser usada contra a queda de cabelo, mas para o tratamento de câncer de próstata. Sendo assim, muitos pacientes submetidos aos primeiros testes com Finasterida relataram aos pesquisadores um curioso aumento no volume da cabeleira.

A Finasterida é um medicamento que inibe a enzima que converte a testosterona em di-hidrotestosterona (DHT), hormônio largamente responsável pela formação da calvície masculina. “As moléculas de DHT presentes no couro cabeludo têm receptores que, quando ligados à raiz do cabelo, resultam no atrofiando do pelo até ele afinar e desaparecer gradualmente”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia no DF, Dr. Gilvan Alves.

No entanto, o medicamento na bula promete aumentar o volume dos fios e prevenir a queda adicional de cabelo. Em outras palavras, a Finasterida apenas preserva os cabelos já existentes na cabeça do paciente e, em alguns casos, de acordo com os especialistas consultados, pode engrossar os cabelos já enfraquecidos, resultando no aumento de volume em algumas áreas do couro cabeludo do indivíduo.

Os efeitos não demoram muito tempo para aparecer. O fim da queda pode ser percebido, geralmente, depois do uso diário durante três meses. Acontece que não é possível quantificar, mesmo que em termos médios, o ganho que o paciente vai obter no tratamento com Finasterida. “É bem pessoal. Cada um responde de um jeito. É o tipo do caso que o sujeito deveria ficar feliz só de responder ao tratamento”, afirma o Dr. Gilvan Alves. Isso porque em algo em torno de 40% dos casos o paciente apenas mantém os cabelos já existentes. Outros 30% conseguem manter os cabelos e até recuperar parte do cabelo perdido. E infelizmente, em 30% das situações, o paciente sequer responde ao tratamento.

Para combater a calvície, a dosagem de Finasterida de um miligrama por dia é fixa, independentemente do caso em questão. Além disso, o paciente pode escolher quando parar com o tratamento. A Dra. Jaqueline Mota é Coordenadora do Departamento de Cabelos da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Ela explica que em geral não existe um momento para parar de tomar a medicação. O paciente para de tomar quando quiser. “De tempos em tempos recomendo alguns exames de controle, só para ver se a atividade metabólica do sujeito está equilibrada”, disse.

O laboratório britânico Merck patenteou a Finasterida e foi o primeiro a fabricar a droga na forma de comprimidos, ainda na década de 1970. A patente do medicamento já foi expirada e hoje pode ser fabricada livremente em todo o mundo. O banco de dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aponta cinquenta laboratórios com licença para comercializar a Finasterida no Brasil, entre eles está o laboratório Aché, que comercializa a droga em cinco miligramas para o tratamento de câncer de próstata e em um miligrama para o tratamento da calvície. O comprimido pode ser tomado com ou sem alimentos, sem partir ou mastigá-lo. A cartela com 30 comprimidos, suficiente para um mês de tratamento, é encontrada entre R$ 50 a R$ 100.

Após pesquisar em alguns fóruns de discussão na internet, percebe-se que muitos pacientes, para economizar dinheiro, compram comprimidos de Finasterida de 5mg e os partem em quatro ou cinco pedaços para conseguir doses de aproximadamente 1mg. A Dra. Jaqueline Mota repudia a técnica. “Primeiro porque não dá pra ter certeza de que a substância é distribuída homogeneamente no comprimido. Mesmo que fosse, dificilmente o sujeito iria conseguir partir a drágea em exatos um miligrama. Ele acaba tomando 0,7 miligramas em um dia, 1,2 miligramas em outro, e provavelmente nunca vai estabilizar a dosagem”, explica a médica.

O motivo que mais desencoraja os pacientes masculinos a não se tratarem com o auxílio da Finasterida é fato desses homens poderem sofrer diminuição do apetite sexual e até mesmo impotência sexual. Um estudo clínico encomendado pelo laboratório Merck, envolvendo 934 homens que tomaram a medicação por um ano, apontou que 17 (1,8%) pacientes apresentaram perda de libido e 12 (1,3%) apresentaram disfunção erétil. O estudo também mostrou que esses efeitos desapareceram logo após a interrupção do tratamento. “A frequência desses efeitos colaterais é muito pequena. Mas mesmo assim, se o paciente apresentar qualquer uma dessas reações, não há motivo para entrar em pânico.”, afirma o Dr. Gilvan. “Se você parar de tomar a medicação, nos dias seguintes, a substância já é eliminada do seu corpo e qualquer reação colateral que te incomoda vai embora”, defende.

A bula da Finasterida informa que o uso do medicamento não é indicado para mulheres, apesar de alguns profissionais verem utilidade na droga para o tratamento da calvície feminina. A Dra. Jaqueline Mota explica que uso da Finasterida em mulheres ainda é uma coisa off label, ou seja, apesar de ser usado por alguns médicos, o uso não está prescrito na bula. “Existe toda uma restrição por conta dos efeitos dessa droga no caso de mulheres grávidas. Como o medicamento reduz a quantidade de hormônios masculinos no corpo da mulher (que existe, em níveis menores que os dos homens), se a paciente estiver grávida, existe o risco do órgão sexual da criança nascer deformado”, alerta.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Quase metade dos homens está com colesterol elevado, indica pesquisa do HCor

Do UOL Ciência e Saúde
Em São Paulo
 Um levantamento realizado pelo HCor (Hospital do Coração) com 1.252 pacientes na faixa etária de 30 a 55 anos, mostrou que 43% dos homens estão com colesterol LDL elevado (maior ou igual a 130 mg/dL, enquanto o recomendado é não ultrapassar a 100 mg/dL). Já entre as mulheres, 30,4% apresentaram colesterol maior ou igual a 130 mg/dL.

O que é?

O colesterol é uma molécula similar à gordura que age na composição da membrana que envolve as células, é essencial para a fabricação de hormônios e na composição da vitamina D, necessária para os ossos e para o crescimento. Obtido nos alimentos de origem animal ou produzido pelo fígado, ele circula por todo o corpo, mas não é solúvel no sangue.
No Brasil, estatísticas oficiais indicam que a doença atinge de 12% a 15% da população (aproximadamente 22 milhões de pessoas). O número aumenta para 20% no mundo todo.
O controle do colesterol é fundamental para evitar o risco de desenvolver doenças coronárias. Elas ocorrem quando há a obstrução dos vasos sanguíneos pelo acúmulo de gordura depositado nas artérias -- responsáveis por levar oxigênio ao coração através do sangue. Além do colesterol elevado, há outros fatores de risco para doenças do coração como hipertensão, diabetes, fumo e pré-disposição genética.
Os níveis de colesterol aumentam quando ingerimos gorduras saturadas (como carnes gordurosas, pele de frango, leite e derivados de leite integrais), presentes também em alguns alimentos de origem vegetal (azeite de dendê, gordura de côco), além de gordura trans.

Colesterol ruim X bom

Enquanto o ruim se deposita nas artérias formando placas que podem endurecê-las e entupi-las, e o processo pode gerar problemas cardiovasculares, o bom contribui para a prevenção de doenças no sistema e transporta a gordura para o fígado, que é eliminada nas fezes e na bile.
A vilã é formada no processo de hidrogenação industrial, que transforma óleos vegetais líquidos em gordura sólida. “Suas principais fontes são os alimentos industrializados que utilizam gordura vegetal hidrogenada, como sorvetes, bolachas e biscoitos recheados. Grande parte dos alimentos que utilizavam gorduras hidrogenadas reduziram a quantidade na formulação e temos a opção desses mesmos produtos sem gordura trans por porção”, explica a nutricionista do HCor, Camila Gracia.
Em contrapartida, as gorduras polinsaturadas presentes em óleos como soja, girassol e peixes como a sardinha, atum e salmão não aumentam o colesterol - da mesma forma que os alimentos ricos em gorduras monoinsaturadas como azeite, abacate e frutas oleaginosas (nozes e castanhas).
Os fitoesteróis, extratos que contribuem com a redução do colesterol por diminuir sua absorção no intestino, estão presentes em pequenas quantidades em nozes, óleos vegetais, sementes, grãos, frutas e vegetais. O consumo de 1,6g a 2,0g do composto por dia pode reduzir até 10% do colesterol.
Essa recomendação significaria ingerir 340 tomates ou 168 cenouras ou 120 maçãs ou 56 fatias de pão integral. Por isso, além de incluir estes alimentos na dieta, opte por óleos, iogurtes, cremes, maioneses etc. enriquecidos com essa substância.
"Na medida em que o colesterol se deposita nas paredes das artérias, diminui o espaço para a passagem do sangue e, com o tempo, algumas delas podem ficar totalmente obstruídas. Com isso, ocorre, por exemplo, o infarto agudo do miocárdio ou a isquemia cerebral, conhecida como derrame. Para não chegar a esse ponto, o indivíduo deve procurar a orientação médica precocemente, pois a elevação do colesterol não costuma provocar desconforto até que a situação esteja bastante grave”, explica o cardiologista e supervisor do Clinic Check-up HCor, Dr. César Jardim.
Segundo o cardiologista, o ideal é começar a controlar o colesterol a partir dos 20 anos e repetir o exame a cada cinco anos se os resultados estiverem normais. “Quem tem parentes de primeiro grau com colesterol alto, sobretudo o pai ou a mãe, deve verificar seus níveis mais precocemente e, em algumas situações, até mesmo na infância. É fundamental fazer exercícios físicos regulares e ter uma alimentação saudável”, esclarece Dr. César Jardim.
O sedentarismo também é um fator que favorece a elevação do colesterol LDL, o ruim. E ele não está atrelado apenas a pessoas obesas, magros sedentários costumam ter colesterol mais elevado do que os mais gordinhos ativos.

Crise é do mercado financeiro, não de governos, diz economista


ELEONORA DE LUCENA
DE SÃO PAULO - Portal UOL - 11/08/2011



A crise atual é fruto do mercado financeiro, não de governos mal comportados. O que está havendo é um sucessivo estouro de bolhas, e os governos deveriam ampliar seus deficits, não cortá-los. Para isso, os políticos precisam se emancipar de Wall Street.
A visão é de Heiner Flassbeck, 60, diretor da Divisão de Globalização e Estratégias de Desenvolvimento da Unctad (Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento). Para o economista, que foi vice-ministro de Finanças da Alemanha (1998-1999), a recessão de agora pode ser pior e seguir o formato da japonesa.
Para ele é essencial enxugar o mercado financeiro e lembrar uma coisa simples: "os salários são o componente mais importante para a demanda privada e o capitalismo não funciona sem aumento do salário dos trabalhadores".
Flassbeck, professor da Universidade de Hamburgo, que classifica como ridículas as agências de risco, estará no Brasil na próxima semana para um seminário promovido pelo Centro Internacional Celso Furtado.
*
Folha - Como o sr. avalia o rebaixamento dos EUA pela S&P?
Heiner Flassbeck -­ Essas agências de risco estão ficando cada vez mais ridículas. No final, se pode dizer que o mundo todo está indo à bancarrota, contra Vênus, Marte, a Lua. O maior, o mais importante e o mais sólido Estado do mundo sob perigo de quebra! Então tudo pode quebrar! E daí? O que isso muda? É ridículo.
E por que as agências são tão valorizadas?
Não sei, porque a maioria das pessoas é maluca (risos). Algumas pessoas nas agências de risco decidem sobre o destino da economia mundial. Como se pode tomar isso seriamente? Estamos indo para uma recessão e o que precisamos é de deficits maiores para os governos, para que possamos sair da recessão. E para as agências não se pode fazer essa coisa razoável. O que fazer então? Não se deve acreditar em Deus, mas nas agências de classificação de risco e fazer o que elas pedem, mesmo que seja tolo? É uma piada, mas muitas pessoas levam a sério.
Os governos deveriam rebaixar as agências?
Sim, eles deveriam dizer: "esqueçam isso, essas pessoas ridículas". [O presidente dos EUA, Barack] Obama deveria ter dito que não se importa nenhum pouco com essas pessoas ridículas das agências de risco.
Qual a verdadeira natureza da crise atual?
Os mercados produzem bolhas e, em certo momento, todas as bolhas explodem. Nós temos uma economia de bolhas. A economia cresce porque temos essas bolhas, não o contrário. Não há bolhas por causa do crescimento, mas há crescimento por causa das bolhas.
Nada mudou nos mercados financeiros desde a crise de 2008, mas todos estavam felizes por causa da aparente recuperação; os bancos estavam tendo lucro novamente. Mas todos os lucros dos bancos, pelo menos nos países industrializados, eram apenas resultado das novas bolhas.
O que acontece agora e que há um grande perigo de que todas as novas bolhas --de commodities, moedas, ações, patrimônio-- estourem em algum momento e os bancos ficarão com a mesma dificuldade de 2008.
O problema está ficando pior?
Está ficando pior, pois agora todos os governos estão tentando reduzir os seus deficits, 15% a 20% maiores em comparação com a última crise. Por isso será mais difícil para eles lutar contra uma nova recessão. Assim, há um nervosismo maior.
A turbulência tem a ver apenas com o medo de recessão?
Há um grande perigo de uma recessão mundial. Nos EUA, na Europa e no Japão (60% a 70% do PIB mundial) não temos recuperação sustentável: o emprego está estagnado, os salários não estão subindo, então não há consumo privado, e todos querem exportar. O resto do mundo não consegue crescer em ritmo suficiente para absorver essas exportações. Não funciona.
Nos últimos 30 anos a agenda neoliberal nos fez acreditar que tudo deveria ser flexibilizado: o mercado de trabalho, o sistema inteiro. Mas agora está tudo tão flexível que, quando o desemprego cresce como EUA e os salários caem, a economia não se recupera. Essa nova flexibilização vai matar a economia de mercado.
E qual é saída?
É preciso fazer uma forte regulação nos mercados financeiros: não permitir que os bancos façam o jogo de apostas de cassino, forçar os bancos a fazerem investimentos reais. Precisamos de um sistema monetário global totalmente diferente, no qual as moedas não sejam determinadas pelo mercado. Precisamos de uma nova regulamentação global para as commodities, na qual os seus preços não sejam mais determinados pelo mercado financeiro.
Os bancos manipulam preços de commodities e de moedas, como o real, nos mercados financeiros para ganhar dinheiro nos próximos dois, três anos. Não estão interessados em crescimento de longo prazo. Isso precisa ser mudado.
Por que os governos não fazem nada a respeito?
Muitos políticos não entendem o que realmente está acontecendo. Acham que gestores de bancos possam ser conselheiros de políticos. Isso não funciona. Os políticos precisam se emancipar disso. Precisamos de uma geração diferente de políticos, que não dependa do dinheiro de Wall Street e que pense no melhor para a população.
Os mercados estão forçando um novo resgate com dinheiro público, socialização das perdas?
Com a situação política nos EUA, é muito difícil imaginar que eles fariam um novo resgate. O governo está totalmente bloqueado pelo Congresso. Muitos governos vão hesitar em salvar os bancos. Por isso essa recessão pode ser pior e mais profunda do que a anterior.
O cenário mais provável talvez seja o de uma recessão japonesa, com estagnação geral, deflação. Demorará mais até que os governos comecem a entender que eles não podem continuar salvando e salvando. Mas que devem levar em conta o que acontece na economia real. A ideologia dominante diz que os governos são ruins e os mercados são bons. E, enquanto se acreditar nessa coisa primitiva, não vai funcionar
E os países em desenvolvimento?
Até estão indo bem, crescendo, mas não têm tamanho suficiente para tirar o mundo do atoleiro. Eles dependem dos países industrializados também. Podemos ir para uma fase longa de estagnação e deflação como o Japão nos últimos 20 anos. É o maior perigo.
Uma recessão pior do que a de 1929?
Eu não diria pior, mas pelo menos comparável. Da última vez, a recessão foi contida por causa da reação rápida dos governos. Mas agora não se pode esperar muito das políticas monetárias. Precisa ser do lado da política fiscal, mas ela está bloqueada politicamente. Isso é que deixa a situação tão difícil. Veja o Japão nos últimos 20 anos: sempre que o governo tentou cortar o deficit, a crise se aprofundou e o deficit aumentou. Assim, o Japão alcançou a maior dívida pública do mundo: mais de 200% do PIB.
Essa recessão seria mais parecida com a 1929 ou com a do final do século 19, que significou a queda do Reino Unido e a ascensão dos EUA e da Alemanha?
Mais com 1929, pois estamos em perigo de fazer o mesmo erro, cortando gastos públicos no meio de uma recessão.
Mas há economistas ortodoxos que argumentam que os governos deveriam cortar o deficit, que a crise significa o fim de uma era de keynesianismo?
Keynes foi recém recuperado e agora estão ansiosos por matá-lo novamente. Por isso eles chamam a crise, que foi claramente causada pelos mercados financeiros internacionais e não pelos governos, de "crise da dívida dos governos", "crise da dívida". Não tem nada a ver com crise da dívida. Os governos pagaram alguns jogadores absolutamente irresponsáveis do mercado financeiro e por isso a dívida dos governos é maior do que há cinco anos. Não há outra razão, não há mau comportamento de governos.
Está claro que economistas ortodoxos não gostam da ideia de que os mercados não tiveram um bom comportamento, que fizeram coisas erradas, porque os mercados são Deus e estão sempre certos. Eles vêm com a explicação de que é só problema dos governos, não tem nada a ver com os mercados, que não existe mau comportamento dos mercados, que a culpa é só dos governos. É uma luta ideológica contra os governos. Querem trazer os governos para baixo, enriquecer eles próprios, sei lá. Não tem nada a ver com pesquisa acadêmica séria.
O que o capitalismo pode fazer para gerar crescimento no mundo?
A coisa mais simples e mais crucial é que os salários médios das pessoas, dos trabalhadores precisam subir em linha com a produtividade da economia. É uma regra simples, que não é seguida em muitos países. Não foi seguida na América Latina no passado; hoje está melhor. Na Ásia eles entenderam isso, e os salários estão crescendo. Mas na Europa, nos Estados Unidos e no Japão, os salários não estão crescendo. Isso não funciona, os salários são o componente mais importante para a demanda privada. O capitalismo não funciona sem aumento do salário dos trabalhadores.
O tamanho sistema financeiro nos próximos anos deve ficar menor?
O sistema financeiro precisa encolher. É a grande tarefa que os políticos têm: encolher o sistema financeiro para um tamanho que seja razoável, que tenha relação com a economia e que tire o sistema do cassino.
Qual sua avaliação do movimento no mercado europeu de no nesses dias?
O BCE (Banco Central Europeu) fez uma coisa razoável, comprando títulos italianos e espanhóis. Mas isso não pode ser feito por muito tempo. No longo prazo, a única solução para a Europa é que a inflação alemã e os salários subam mais e as outras inflações declinem, fazendo com que o grande desnível entre competitividades dos dois grupos de países diminua no decorrer do tempo.
Como está a situação na Europa?
Ainda não resolvemos o problema principal da zona do euro que é a diferença de inflação entre a Alemanha e os países do sul da Europa. A Alemanha se recusa a aceitar que esse é o principal problema por razões políticas. Sou cético que de haja uma solução. Mais países vão entrar em dificuldades Itália e Espanha estão estagnadas, e se pede cortes de gastos governamentais. É maluco.
Se não há crescimento e o governo corta gastos e aumenta impostos isso leva à recessão. A Grécia não reduziu o deficit não porque não desejava, mas porque entrou numa recessão muito mais profunda do que o esperado. As receitas de impostos caíram e o deficit não pode ser reduzido.
Muitos dizem que a Itália e a Grécia gastaram de mais e, por isso, estão sendo punidas. Qual sua visão?
A moeda na Europa tem uma regra simples: é que todos devem ter a mesma inflação de 2%. Mas nos últimos dez anos a Alemanha teve uma inflação de 1%, e Espanha, Portugal, Grécia, Itália tiveram uma inflação em torno de 2,5%. Quem fez certo e quem fez errado? Alguns viveram acima, outros abaixo da meta. Não há como culpar um lado. A Alemanha violou a meta de 2% mais do que Grécia, Espanha, Portugal e Itália. Isso não é discutido seriamente porque a Alemanha faz um jogo de poder contra os outros países e tenta impedir essa discussão.
Qual sua visão do Brasil?
Acho que o Brasil está muito melhor agora do que em recuperações anteriores. Os salários estão crescendo. O que continua sendo um problema é a taxa de juros muito alta e a valorização do real é um grande perigo. Mas não há como culpar o Brasil: é o jogo do poder.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Chamada de 'Dubai das Américas', Cidade do Panamá tem praias e badalação

FREDA MOON

New York Times Syndicate 
 
Na encruzilhada de dois oceanos e dois continentes, a Cidade do Panamá é uma metrópole dinâmica. Isso nunca foi mais verdadeiro do que atualmente. Por todo lugar nesta agitada cidade tropical, há banqueiros de investimento conversado sobre trabalho em cafés refinados, estrangeiros em busca de fortuna brindando seus destinos em bares de vinho, guindastes no topo de arranha-céus que parecem crescer diante dos seus olhos e - no lado negativo - trânsito que consegue superar até mesmo o da cidade americana mais congestionada. A capital financeira internacional da América Central passa por um boom prolongado. No momento, há mais de 30 arranha-céus em construção - entre eles o Trump Ocean Club e The Panamera, que será o primeiro Waldorf-Astoria Hotel da América Latina (ambos serão inaugurados ainda em 2011). Tanta construção e badalação faz os moradores locais chamarem a Cidade do Panamá de ‘Dubai das Américas’. Eles estão apenas parcialmente brincando.

36 Horas na Cidade do Panamá

Foto 1 de 17 - Cinta Costera - um parque com calçadão de tábuas que acompanha a orla marítima da Cidade do Panamá, é ótima para patinadores New York Times
PROGRAMAÇÃO

Sexta-feira

15h - Embarcação rápida e embarcação lenta
Veja o Canal do Panamá do ponto de vista dos navios que o utilizam. No Balboa Yacht Club (Amador Causeway; 507-228-5196) tome a “rapida” para Ilha Taboga, o passeio de um dia preferido dos panamenhos obcecados por praias. A viagem de 19 quilômetros, em 30 minutos (US$ 6), parte da Amador Causeway, uma península margeada por palmeiras construída a partir das sobras da construção do canal, e passa pelo labirinto de cargueiros em fila na boca do canal. Taboga, apelidada de Ilha das Flores, é famosa por sua flora variada, suas praias e barracões de peixe. Nade no quente oceano Pacífico antes de voltar na balsa lenta das 16h30, a Calypso Queen Ferry (Isla Naos, Amador Causeway; 507-314-1730; US$ 6). O dólar americano é a moeda usada no Panamá, apesar de também ser chamado de balboa.

18h - Vinho, depois jantar
Há anos à beira de um renascimento, Casco Viejo, o antigo bairro colonial dilapidado da cidade, finalmente renasceu. A área ainda está repleta de energia criativa (e do barulho das equipes de construção). Mas, para melhor ou pior, a velha cidade ainda parece à vontade em sua pele recém-pintada de nova rica. Assista ao por-do-sol tomando vinho (US$ 3,50) ou uma cerveja panamenha gelada (US$ 2,50) enquanto as crianças do bairro brincam nos mangues diante do La Rosa de los Vientos (Calle Octava, Casco Viejo; 507-211-2065), um restaurante italiano com mesas à beira-mar. Após o entardecer, explore a cena de arte de vanguarda no Diablo Rosso (Avenida A com Calle 7, Casco Viejo; diablorosso.com), uma galeria e café que vende roupas e acessórios de inspiração retrô. Dobrando a esquina, Los del Patio (Calle 3, Casco Viejo; sem telefone; losdelpatio.org) é um café com instalações de arte recém inaugurado.

20h30 - Estilo caribenho
Como o sensual e tropical Chez Panisse, o Manolo Caracol (Avenida Central com Calle 3, Casco Viejo; 507-228-4640; manolocaracol.net) de Casco Viejo aponta um espelho para o local que chama de lar, refletindo as tradições culinárias caribenhas do país com uma autoconfiança ousada. Situado em uma rua lateral em frente a uma igreja em ruínas, o restaurante leva o nome de um famoso cantor flamenco espanhol. Mas o verdadeiro astro aqui é o dono espanhol do restaurante, Manuel Madueño, cujo cardápio do chef de dez pratos, por US$ 30, oferece preparos simples com ingredientes sazonais, como a sopa de frutos do mar ou uma salada de alface selvagem e manga verde.

22h - Calçadão ao luar
Caminhe após o jantar no calçadão, onde os amantes se acariciam ao luar. Então passe uma hora na DiVino Enoteca (Avenida A com Calle 4, Casco Viejo; 507-202-6867; enotecadivino.com), um refinado bar de vinho à meia-luz, com um presunto ibérico pendurado atrás do balcão e filmes em preto-e-branco passando silenciosamente em uma parede distante. Examine a arte no lounge, os livros de culinária e design, ou converse com a clientela de estrangeiros, artistas e intelectuais.

23h30 - Dançando ao som cubano
Mantendo seu velho espírito cubano, Habana Panama (Calle Eloy Alfaro com Calle 12 Este, Casco Viejo; 507-212-0152; habanapanama.com) se mistura aos prédios decadentes às margens do centro restaurado de Casco Viejo. Dentro desse salão de dança retrô, há um interior vermelho aveludado com fotos de grandes astros da música cubana e muitas horas para se dançar salsa. Com bandas ao vivo, um couvert modesto (a partir de US$ 10) e uma clientela com poucas inibições, este um dos pontos de dança mais quentes da cidade.


  • New York Times Taboga, apelidada de Ilha das Flores na Cidade do Panamá, é famosa por sua flora variada, suas praias e barracões de peixe

Sábado

7h - Bom-dia
Chegue cedo para evitar a espera no Lung Fung (Calle 62C Oeste, Los Ángeles, 507-260-4011), uma casa movimentada de dim sum que serve pequenos pratos cantoneses clássicos (shumai de camarão, pãezinhos com carne de porco, bolinhos de peixe e pés de galinha; a partir de US$ 2,10). A estética é familiar -lanternas vermelhas, dragões pintados e carrinhos de alimentos - mas a clientela multinacional de imigrantes chineses, empresários panamenhos, americanos e turistas europeus o transforma em um ótimo lugar para observar pessoas.

10h - Mistura euro-panamenha
Situada na casa da estilista francesa Hélène Breebaart, uma ex-representante da Christian Dior que viveu no Panamá por mais de 40 anos, a Breebaart Boutique (Calle Abel Bravo, Casa No. 5; Obarrio; 507-264-5937) produz roupas sob medida que incorporam a arte têxtil elaborada do povo Kuna indígena do país, mas com desenho contemporâneo. Guardanapos bordados custam a partir de US$ 30 o jogo; os preços das roupas variam muito e elas levam aproximadamente uma semana para ficarem prontas.

13h - Visitas ao Gehry
Vislumbre o novo BioMuseo (Amador Causeway; biomuseopanama.org) projetado por Frank Ghery, que recentemente concluiu a primeira fase de sua construção que levará vários anos. Apesar de o interior, que receberá exposições sobre história natural e ciência, só ficar pronto em 2012 ou mais, o museu começou a oferecer visitas gratuitas (apenas em espanhol). Reservas devem ser feitas com pelo menos duas semanas de antecedência.

15h - Peixe cru
O restaurante de ceviche do chef peruano Gastón Acurio, La Mar (El Cangrejo; 507-209-3323; lamarcebicheria.com), abriu com muito barulho em 2009, servindo uma seleção eclética de peixe marinado em cítricos, do clássico (US$ 7) ao peru tai de inspiração asiática (US$ 9). Para ceviche ao estilo panamenho, caminhe até a recém-construída Cinta Costera - um parque com calçadão de tábuas que acompanha a orla marítima - até o Fish Market (Panamerican Highway com Calle 15 Este), onde copos de papel de ceviche de camarão, polvo, corvina e concha-rainha custam a partir de US$ 1. Ou compre peixe fresco ou lagosta e vá ao restaurante no andar de cima, que preparará sua pesca por um preço modesto (US$ 6,50 a US$ 8,50).

19h - Necessário fazer reserva
La Posta (Calle Uruguay com Calle 49; 507-269-1076; cppty.com) é o principal restaurante do mini-império de David Henesy-Carolina Rodriguez. O local tem um ar despretensioso - ventiladores zunindo no alto, garçons sorridentes vestindo guayabera - que esconde sua popularidade. O cardápio é caribenho-italiano e é necessário fazer reserva nas noites de fim de semana. Experimente os camarones en hamaca (camarões na rede, US$ 8,50), as massas caseiras (a partir de US$ 12,50) ou os camarões gigantes com maracujá (US$ 19,50).

21h - Um brinde à rã-dourada
Tome uma cerveja após o jantar no La Rana Dorada (Via Argentina com Calle Arturo Motta, El Cangrejo; 507-269-2989), um bar ao estilo pub irlandês que leva o nome da espécie ameaçada mais famosa do Panamá, a rã-dourada. Então vá ao lounge à beira da piscina na cobertura do Manrey Hotel (Calle Uruguay com Avenida 5a Sur, Bella Vista; 507-203-0000; manreypanama.com), onde DJs tocam nos fins de semana.


  • New York Times Mantendo seu velho espírito cubano, o Habana Panama, na Cidade do Panamá, é um salão de dança retrô, com interior vermelho aveludado com fotos de grandes astros da música cubana

Domingo

10h - Brunch a preço fixo
Para uma refeição descontraída, Las Clementinas (Avenida B com Calle 11, Casco Viejo; 507-228-7613; lasclementinas.com) oferece brunch a preço fixo (US$ 24 para adultos, US$ 12 para crianças) que inclui uma seleção de omeletes, empanados, risotos e parfaits. Há revistas em língua inglesa para folhear e uma coleção de esboços de Nova York e memorabília nas paredes do banheiro.

12h - Zona verde
Entregue-se ao ritmo preguiçoso do fim de semana com uma caminhada pelo Parque Recreativo Omar (Avenida Belisario Porras), uma área verde de 56 hectares recém restaurada, no centro da cidade. Como o Central Park de Nova York, mas com palmeiras, Omar é uma fuga da vida urbana; ele possui um impressionante jardim de esculturas, a Biblioteca Nacional e uma proeminente estátua da Virgem Maria. Há também campos de futebol e beisebol, quadras de tênis e uma piscina margeada por flores. Pegue um suco de frutas frescas perto da entrada do parque. Então saboreie seu elixir tropical sob uma árvore em um gramado perfeito para piquenique.


O básico


Com três quartos projetados individualmente, o Canal House Hotel (Calle 5A com Avenida A; 507-228-1907; canalhousepanama.com) fica situado em uma mansão colonial, em uma esquina tranquila de Casco Viejo. Diárias a partir de US$ 200.

E um trecho movimentado da vida noturna em Bella Vista, o novo Manrey Hotel (Calle Uruguay com Avenida 5a Sur; 507-203-0000; manreypanama.com), com 36 quartos, tem um desenho moderno, espaçoso, produtos Bvlgari e bases para iPod. A partir de US$ 200.
 

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Já pensou em comprar um imóvel em Miami? Saiba o que é preciso para realizar o sonho

15 de julho de 2011 • 14h20 Por: Diego Lazzaris Borges
SÃO PAULO – Comprar um imóvel no exterior é o sonho de muitos brasileiros de classe média alta. E Miami, nos Estados Unidos, é uma das cidades mais procuradas, por conta do preços – os imóveis ficaram até 50% mais baratos desde 2008 – e da desvalorização do dólar ante o real.
Se você já pensou na possibilidade de adquirir uma casa ou apartamento no famoso destino do sul da Flórida, é importante ficar atento aos procedimentos legais que envolvem a transação.
O advogado Luís Rodolfo Cruz e Creuz, sócio da Creuz e Vilarreal Advogados Associados, lembra que para comprar um imóvel nos Estados Unidos não é necessário ter o visto permanente (green card) de residência no país. “Não é preciso nem visto temporário, qualquer um pode comprar”, afirma.
Para financiar, é preciso ter um cadastro em banco norteamericano. “Usualmente as imobiliárias cuidam disso, considerando que não é pratica comprar imóveis sem a intervenção de um corretor”, afirma Cruz e Creuz.
De acordo com ele, o mais comum é que seja exigida uma entrada de cerca de um terço do valor do imóvel. “Em relação ao financiamento de casas (single family homes), a prática é que se financiam com 30% ou 40 % de entrada, dependendo do cliente”, explica.
Segundo o corretor Jeremias Rodrigues, diretor da corretora de imóveis de alto padrão que leva o seu nome, a facilidade de financiamento é um dos maiores atrativos do mercado imobiliário norteamericano. “As taxas variam entre 4,5% e 5,5% ao ano”, afirma.

Impostos

Em relação à tributação, o outro sócio da Creuz e Vilarreal, Gabriel H. F. Vilarreal aponta que, em primeiro lugar, é preciso ter origem lícita e comprovada do dinheiro para a aquisição do imóvel. “Havendo origem, os valores relacionados à aquisição imobiliária já terão sido previamente declarados e tributados para fins de Imposto sobre a Renda”, explica.
Segundo ele, o contribuinte será tributado pelo IOF à alíquota de 0,38% sobre o valor remetido ao exterior. “No entanto, não haverá nova tributação em território americano”, aponta.
Após a aquisição, o contribuinte deverá adequar sua declaração na parte de "Bens e Direitos" e abater o valor da compra no campo declarado no ano anterior. “Se o valor utilizado na compra tiver sido auferido dentro do ano calendário, não terá lançamento na declaração do ano anterior, porém estará justificado nas informações fiscais relacionadas aos rendimentos auferidos naquele ano pelo contribuinte”, explica Vilarreal.
O advogado ressalta que também deverá ser inserido um novo campo para declarar o bem e seu respectivo valor em reais. Para isto, o contribuinte deve declarar o imóvel pelo valor remetido ao exterior, se a origem dos recursos estiver em território nacional.
“Se, por outro lado, os recursos estiverem no exterior, estes deverão ser convertidos para dólares americanos pela cotação da data da aquisição e, posteriormente, convertido em reais pela cotação do mesmo dia”, afirma o advogado.

Tributação em território norteamericano

Em relação à tributação norteamericana, o advogado ressalta que ela é definida de acordo com a legislação da jurisdição onde imóvel está localizado.
Para que não haja problemas com questões jurídicas e tributárias, o corretor Jeremias Rodrigues aconselha que o comprador busque assessoria jurídica antes de adquirir um imóvel nos Estados Unidos. “O país tem leis tributárias bastante específicas, como a lei de herança. Existe a possibilidade de abrir uma empresa offshore (fora do país) nos Estados Unidos para evitar este tipo de tributação”, afirma Rodrigues.
De acordo com Vilarreal, a utilização de empresas offshore é uma ferramenta muito comum para prevenir a tributação sobre heranças, que nos EUA pode atingir patamares superiores a 50% do valor do patrimônio transferido por sucessão.
O advogado explica que, se a titularidade dos imóveis estiver alocada na empresa offshore, é possível eliminar a tributação sobre a herança, já que a empresa não será afetada pelo falecimento de um ou mais de seus sócios. Entretanto, ele ressalta que é imprescindível que os titulares elaborem um planejamento sucessório para se precaverem de riscos e possibilitarem a tranquila assunção da empresa após o falecimento do titular original.
“Tomadas as devidas cautelas jurídicas e operacionais, a opção pela constituição de uma empresa offshore implica em vantagens relevantes na gestão e manutenção do patrimônio”, conclui Vilarreal.