terça-feira, 16 de agosto de 2011

Remédio de baixo custo é alternativa para tratamento da calvície

A Finasterida, comprada sem receita médica por até R$ 50, surge como alternativa para quem quer combater a calvície e se livrar de um transplante no futuro

CorreioWeb
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Por Guilherme de Almeida

Assim como o Viagra, medicamento comercializado pelo laboratório Pfizer e inicialmente usado para tratar pacientes com pressão baixa, a Finasterida não foi concebida para ser usada contra a queda de cabelo, mas para o tratamento de câncer de próstata. Sendo assim, muitos pacientes submetidos aos primeiros testes com Finasterida relataram aos pesquisadores um curioso aumento no volume da cabeleira.

A Finasterida é um medicamento que inibe a enzima que converte a testosterona em di-hidrotestosterona (DHT), hormônio largamente responsável pela formação da calvície masculina. “As moléculas de DHT presentes no couro cabeludo têm receptores que, quando ligados à raiz do cabelo, resultam no atrofiando do pelo até ele afinar e desaparecer gradualmente”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia no DF, Dr. Gilvan Alves.

No entanto, o medicamento na bula promete aumentar o volume dos fios e prevenir a queda adicional de cabelo. Em outras palavras, a Finasterida apenas preserva os cabelos já existentes na cabeça do paciente e, em alguns casos, de acordo com os especialistas consultados, pode engrossar os cabelos já enfraquecidos, resultando no aumento de volume em algumas áreas do couro cabeludo do indivíduo.

Os efeitos não demoram muito tempo para aparecer. O fim da queda pode ser percebido, geralmente, depois do uso diário durante três meses. Acontece que não é possível quantificar, mesmo que em termos médios, o ganho que o paciente vai obter no tratamento com Finasterida. “É bem pessoal. Cada um responde de um jeito. É o tipo do caso que o sujeito deveria ficar feliz só de responder ao tratamento”, afirma o Dr. Gilvan Alves. Isso porque em algo em torno de 40% dos casos o paciente apenas mantém os cabelos já existentes. Outros 30% conseguem manter os cabelos e até recuperar parte do cabelo perdido. E infelizmente, em 30% das situações, o paciente sequer responde ao tratamento.

Para combater a calvície, a dosagem de Finasterida de um miligrama por dia é fixa, independentemente do caso em questão. Além disso, o paciente pode escolher quando parar com o tratamento. A Dra. Jaqueline Mota é Coordenadora do Departamento de Cabelos da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Ela explica que em geral não existe um momento para parar de tomar a medicação. O paciente para de tomar quando quiser. “De tempos em tempos recomendo alguns exames de controle, só para ver se a atividade metabólica do sujeito está equilibrada”, disse.

O laboratório britânico Merck patenteou a Finasterida e foi o primeiro a fabricar a droga na forma de comprimidos, ainda na década de 1970. A patente do medicamento já foi expirada e hoje pode ser fabricada livremente em todo o mundo. O banco de dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aponta cinquenta laboratórios com licença para comercializar a Finasterida no Brasil, entre eles está o laboratório Aché, que comercializa a droga em cinco miligramas para o tratamento de câncer de próstata e em um miligrama para o tratamento da calvície. O comprimido pode ser tomado com ou sem alimentos, sem partir ou mastigá-lo. A cartela com 30 comprimidos, suficiente para um mês de tratamento, é encontrada entre R$ 50 a R$ 100.

Após pesquisar em alguns fóruns de discussão na internet, percebe-se que muitos pacientes, para economizar dinheiro, compram comprimidos de Finasterida de 5mg e os partem em quatro ou cinco pedaços para conseguir doses de aproximadamente 1mg. A Dra. Jaqueline Mota repudia a técnica. “Primeiro porque não dá pra ter certeza de que a substância é distribuída homogeneamente no comprimido. Mesmo que fosse, dificilmente o sujeito iria conseguir partir a drágea em exatos um miligrama. Ele acaba tomando 0,7 miligramas em um dia, 1,2 miligramas em outro, e provavelmente nunca vai estabilizar a dosagem”, explica a médica.

O motivo que mais desencoraja os pacientes masculinos a não se tratarem com o auxílio da Finasterida é fato desses homens poderem sofrer diminuição do apetite sexual e até mesmo impotência sexual. Um estudo clínico encomendado pelo laboratório Merck, envolvendo 934 homens que tomaram a medicação por um ano, apontou que 17 (1,8%) pacientes apresentaram perda de libido e 12 (1,3%) apresentaram disfunção erétil. O estudo também mostrou que esses efeitos desapareceram logo após a interrupção do tratamento. “A frequência desses efeitos colaterais é muito pequena. Mas mesmo assim, se o paciente apresentar qualquer uma dessas reações, não há motivo para entrar em pânico.”, afirma o Dr. Gilvan. “Se você parar de tomar a medicação, nos dias seguintes, a substância já é eliminada do seu corpo e qualquer reação colateral que te incomoda vai embora”, defende.

A bula da Finasterida informa que o uso do medicamento não é indicado para mulheres, apesar de alguns profissionais verem utilidade na droga para o tratamento da calvície feminina. A Dra. Jaqueline Mota explica que uso da Finasterida em mulheres ainda é uma coisa off label, ou seja, apesar de ser usado por alguns médicos, o uso não está prescrito na bula. “Existe toda uma restrição por conta dos efeitos dessa droga no caso de mulheres grávidas. Como o medicamento reduz a quantidade de hormônios masculinos no corpo da mulher (que existe, em níveis menores que os dos homens), se a paciente estiver grávida, existe o risco do órgão sexual da criança nascer deformado”, alerta.

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