terça-feira, 16 de agosto de 2011

Remédio de baixo custo é alternativa para tratamento da calvície

A Finasterida, comprada sem receita médica por até R$ 50, surge como alternativa para quem quer combater a calvície e se livrar de um transplante no futuro

CorreioWeb
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Por Guilherme de Almeida

Assim como o Viagra, medicamento comercializado pelo laboratório Pfizer e inicialmente usado para tratar pacientes com pressão baixa, a Finasterida não foi concebida para ser usada contra a queda de cabelo, mas para o tratamento de câncer de próstata. Sendo assim, muitos pacientes submetidos aos primeiros testes com Finasterida relataram aos pesquisadores um curioso aumento no volume da cabeleira.

A Finasterida é um medicamento que inibe a enzima que converte a testosterona em di-hidrotestosterona (DHT), hormônio largamente responsável pela formação da calvície masculina. “As moléculas de DHT presentes no couro cabeludo têm receptores que, quando ligados à raiz do cabelo, resultam no atrofiando do pelo até ele afinar e desaparecer gradualmente”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Dermatologia no DF, Dr. Gilvan Alves.

No entanto, o medicamento na bula promete aumentar o volume dos fios e prevenir a queda adicional de cabelo. Em outras palavras, a Finasterida apenas preserva os cabelos já existentes na cabeça do paciente e, em alguns casos, de acordo com os especialistas consultados, pode engrossar os cabelos já enfraquecidos, resultando no aumento de volume em algumas áreas do couro cabeludo do indivíduo.

Os efeitos não demoram muito tempo para aparecer. O fim da queda pode ser percebido, geralmente, depois do uso diário durante três meses. Acontece que não é possível quantificar, mesmo que em termos médios, o ganho que o paciente vai obter no tratamento com Finasterida. “É bem pessoal. Cada um responde de um jeito. É o tipo do caso que o sujeito deveria ficar feliz só de responder ao tratamento”, afirma o Dr. Gilvan Alves. Isso porque em algo em torno de 40% dos casos o paciente apenas mantém os cabelos já existentes. Outros 30% conseguem manter os cabelos e até recuperar parte do cabelo perdido. E infelizmente, em 30% das situações, o paciente sequer responde ao tratamento.

Para combater a calvície, a dosagem de Finasterida de um miligrama por dia é fixa, independentemente do caso em questão. Além disso, o paciente pode escolher quando parar com o tratamento. A Dra. Jaqueline Mota é Coordenadora do Departamento de Cabelos da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Ela explica que em geral não existe um momento para parar de tomar a medicação. O paciente para de tomar quando quiser. “De tempos em tempos recomendo alguns exames de controle, só para ver se a atividade metabólica do sujeito está equilibrada”, disse.

O laboratório britânico Merck patenteou a Finasterida e foi o primeiro a fabricar a droga na forma de comprimidos, ainda na década de 1970. A patente do medicamento já foi expirada e hoje pode ser fabricada livremente em todo o mundo. O banco de dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aponta cinquenta laboratórios com licença para comercializar a Finasterida no Brasil, entre eles está o laboratório Aché, que comercializa a droga em cinco miligramas para o tratamento de câncer de próstata e em um miligrama para o tratamento da calvície. O comprimido pode ser tomado com ou sem alimentos, sem partir ou mastigá-lo. A cartela com 30 comprimidos, suficiente para um mês de tratamento, é encontrada entre R$ 50 a R$ 100.

Após pesquisar em alguns fóruns de discussão na internet, percebe-se que muitos pacientes, para economizar dinheiro, compram comprimidos de Finasterida de 5mg e os partem em quatro ou cinco pedaços para conseguir doses de aproximadamente 1mg. A Dra. Jaqueline Mota repudia a técnica. “Primeiro porque não dá pra ter certeza de que a substância é distribuída homogeneamente no comprimido. Mesmo que fosse, dificilmente o sujeito iria conseguir partir a drágea em exatos um miligrama. Ele acaba tomando 0,7 miligramas em um dia, 1,2 miligramas em outro, e provavelmente nunca vai estabilizar a dosagem”, explica a médica.

O motivo que mais desencoraja os pacientes masculinos a não se tratarem com o auxílio da Finasterida é fato desses homens poderem sofrer diminuição do apetite sexual e até mesmo impotência sexual. Um estudo clínico encomendado pelo laboratório Merck, envolvendo 934 homens que tomaram a medicação por um ano, apontou que 17 (1,8%) pacientes apresentaram perda de libido e 12 (1,3%) apresentaram disfunção erétil. O estudo também mostrou que esses efeitos desapareceram logo após a interrupção do tratamento. “A frequência desses efeitos colaterais é muito pequena. Mas mesmo assim, se o paciente apresentar qualquer uma dessas reações, não há motivo para entrar em pânico.”, afirma o Dr. Gilvan. “Se você parar de tomar a medicação, nos dias seguintes, a substância já é eliminada do seu corpo e qualquer reação colateral que te incomoda vai embora”, defende.

A bula da Finasterida informa que o uso do medicamento não é indicado para mulheres, apesar de alguns profissionais verem utilidade na droga para o tratamento da calvície feminina. A Dra. Jaqueline Mota explica que uso da Finasterida em mulheres ainda é uma coisa off label, ou seja, apesar de ser usado por alguns médicos, o uso não está prescrito na bula. “Existe toda uma restrição por conta dos efeitos dessa droga no caso de mulheres grávidas. Como o medicamento reduz a quantidade de hormônios masculinos no corpo da mulher (que existe, em níveis menores que os dos homens), se a paciente estiver grávida, existe o risco do órgão sexual da criança nascer deformado”, alerta.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Quase metade dos homens está com colesterol elevado, indica pesquisa do HCor

Do UOL Ciência e Saúde
Em São Paulo
 Um levantamento realizado pelo HCor (Hospital do Coração) com 1.252 pacientes na faixa etária de 30 a 55 anos, mostrou que 43% dos homens estão com colesterol LDL elevado (maior ou igual a 130 mg/dL, enquanto o recomendado é não ultrapassar a 100 mg/dL). Já entre as mulheres, 30,4% apresentaram colesterol maior ou igual a 130 mg/dL.

O que é?

O colesterol é uma molécula similar à gordura que age na composição da membrana que envolve as células, é essencial para a fabricação de hormônios e na composição da vitamina D, necessária para os ossos e para o crescimento. Obtido nos alimentos de origem animal ou produzido pelo fígado, ele circula por todo o corpo, mas não é solúvel no sangue.
No Brasil, estatísticas oficiais indicam que a doença atinge de 12% a 15% da população (aproximadamente 22 milhões de pessoas). O número aumenta para 20% no mundo todo.
O controle do colesterol é fundamental para evitar o risco de desenvolver doenças coronárias. Elas ocorrem quando há a obstrução dos vasos sanguíneos pelo acúmulo de gordura depositado nas artérias -- responsáveis por levar oxigênio ao coração através do sangue. Além do colesterol elevado, há outros fatores de risco para doenças do coração como hipertensão, diabetes, fumo e pré-disposição genética.
Os níveis de colesterol aumentam quando ingerimos gorduras saturadas (como carnes gordurosas, pele de frango, leite e derivados de leite integrais), presentes também em alguns alimentos de origem vegetal (azeite de dendê, gordura de côco), além de gordura trans.

Colesterol ruim X bom

Enquanto o ruim se deposita nas artérias formando placas que podem endurecê-las e entupi-las, e o processo pode gerar problemas cardiovasculares, o bom contribui para a prevenção de doenças no sistema e transporta a gordura para o fígado, que é eliminada nas fezes e na bile.
A vilã é formada no processo de hidrogenação industrial, que transforma óleos vegetais líquidos em gordura sólida. “Suas principais fontes são os alimentos industrializados que utilizam gordura vegetal hidrogenada, como sorvetes, bolachas e biscoitos recheados. Grande parte dos alimentos que utilizavam gorduras hidrogenadas reduziram a quantidade na formulação e temos a opção desses mesmos produtos sem gordura trans por porção”, explica a nutricionista do HCor, Camila Gracia.
Em contrapartida, as gorduras polinsaturadas presentes em óleos como soja, girassol e peixes como a sardinha, atum e salmão não aumentam o colesterol - da mesma forma que os alimentos ricos em gorduras monoinsaturadas como azeite, abacate e frutas oleaginosas (nozes e castanhas).
Os fitoesteróis, extratos que contribuem com a redução do colesterol por diminuir sua absorção no intestino, estão presentes em pequenas quantidades em nozes, óleos vegetais, sementes, grãos, frutas e vegetais. O consumo de 1,6g a 2,0g do composto por dia pode reduzir até 10% do colesterol.
Essa recomendação significaria ingerir 340 tomates ou 168 cenouras ou 120 maçãs ou 56 fatias de pão integral. Por isso, além de incluir estes alimentos na dieta, opte por óleos, iogurtes, cremes, maioneses etc. enriquecidos com essa substância.
"Na medida em que o colesterol se deposita nas paredes das artérias, diminui o espaço para a passagem do sangue e, com o tempo, algumas delas podem ficar totalmente obstruídas. Com isso, ocorre, por exemplo, o infarto agudo do miocárdio ou a isquemia cerebral, conhecida como derrame. Para não chegar a esse ponto, o indivíduo deve procurar a orientação médica precocemente, pois a elevação do colesterol não costuma provocar desconforto até que a situação esteja bastante grave”, explica o cardiologista e supervisor do Clinic Check-up HCor, Dr. César Jardim.
Segundo o cardiologista, o ideal é começar a controlar o colesterol a partir dos 20 anos e repetir o exame a cada cinco anos se os resultados estiverem normais. “Quem tem parentes de primeiro grau com colesterol alto, sobretudo o pai ou a mãe, deve verificar seus níveis mais precocemente e, em algumas situações, até mesmo na infância. É fundamental fazer exercícios físicos regulares e ter uma alimentação saudável”, esclarece Dr. César Jardim.
O sedentarismo também é um fator que favorece a elevação do colesterol LDL, o ruim. E ele não está atrelado apenas a pessoas obesas, magros sedentários costumam ter colesterol mais elevado do que os mais gordinhos ativos.

Crise é do mercado financeiro, não de governos, diz economista


ELEONORA DE LUCENA
DE SÃO PAULO - Portal UOL - 11/08/2011



A crise atual é fruto do mercado financeiro, não de governos mal comportados. O que está havendo é um sucessivo estouro de bolhas, e os governos deveriam ampliar seus deficits, não cortá-los. Para isso, os políticos precisam se emancipar de Wall Street.
A visão é de Heiner Flassbeck, 60, diretor da Divisão de Globalização e Estratégias de Desenvolvimento da Unctad (Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento). Para o economista, que foi vice-ministro de Finanças da Alemanha (1998-1999), a recessão de agora pode ser pior e seguir o formato da japonesa.
Para ele é essencial enxugar o mercado financeiro e lembrar uma coisa simples: "os salários são o componente mais importante para a demanda privada e o capitalismo não funciona sem aumento do salário dos trabalhadores".
Flassbeck, professor da Universidade de Hamburgo, que classifica como ridículas as agências de risco, estará no Brasil na próxima semana para um seminário promovido pelo Centro Internacional Celso Furtado.
*
Folha - Como o sr. avalia o rebaixamento dos EUA pela S&P?
Heiner Flassbeck -­ Essas agências de risco estão ficando cada vez mais ridículas. No final, se pode dizer que o mundo todo está indo à bancarrota, contra Vênus, Marte, a Lua. O maior, o mais importante e o mais sólido Estado do mundo sob perigo de quebra! Então tudo pode quebrar! E daí? O que isso muda? É ridículo.
E por que as agências são tão valorizadas?
Não sei, porque a maioria das pessoas é maluca (risos). Algumas pessoas nas agências de risco decidem sobre o destino da economia mundial. Como se pode tomar isso seriamente? Estamos indo para uma recessão e o que precisamos é de deficits maiores para os governos, para que possamos sair da recessão. E para as agências não se pode fazer essa coisa razoável. O que fazer então? Não se deve acreditar em Deus, mas nas agências de classificação de risco e fazer o que elas pedem, mesmo que seja tolo? É uma piada, mas muitas pessoas levam a sério.
Os governos deveriam rebaixar as agências?
Sim, eles deveriam dizer: "esqueçam isso, essas pessoas ridículas". [O presidente dos EUA, Barack] Obama deveria ter dito que não se importa nenhum pouco com essas pessoas ridículas das agências de risco.
Qual a verdadeira natureza da crise atual?
Os mercados produzem bolhas e, em certo momento, todas as bolhas explodem. Nós temos uma economia de bolhas. A economia cresce porque temos essas bolhas, não o contrário. Não há bolhas por causa do crescimento, mas há crescimento por causa das bolhas.
Nada mudou nos mercados financeiros desde a crise de 2008, mas todos estavam felizes por causa da aparente recuperação; os bancos estavam tendo lucro novamente. Mas todos os lucros dos bancos, pelo menos nos países industrializados, eram apenas resultado das novas bolhas.
O que acontece agora e que há um grande perigo de que todas as novas bolhas --de commodities, moedas, ações, patrimônio-- estourem em algum momento e os bancos ficarão com a mesma dificuldade de 2008.
O problema está ficando pior?
Está ficando pior, pois agora todos os governos estão tentando reduzir os seus deficits, 15% a 20% maiores em comparação com a última crise. Por isso será mais difícil para eles lutar contra uma nova recessão. Assim, há um nervosismo maior.
A turbulência tem a ver apenas com o medo de recessão?
Há um grande perigo de uma recessão mundial. Nos EUA, na Europa e no Japão (60% a 70% do PIB mundial) não temos recuperação sustentável: o emprego está estagnado, os salários não estão subindo, então não há consumo privado, e todos querem exportar. O resto do mundo não consegue crescer em ritmo suficiente para absorver essas exportações. Não funciona.
Nos últimos 30 anos a agenda neoliberal nos fez acreditar que tudo deveria ser flexibilizado: o mercado de trabalho, o sistema inteiro. Mas agora está tudo tão flexível que, quando o desemprego cresce como EUA e os salários caem, a economia não se recupera. Essa nova flexibilização vai matar a economia de mercado.
E qual é saída?
É preciso fazer uma forte regulação nos mercados financeiros: não permitir que os bancos façam o jogo de apostas de cassino, forçar os bancos a fazerem investimentos reais. Precisamos de um sistema monetário global totalmente diferente, no qual as moedas não sejam determinadas pelo mercado. Precisamos de uma nova regulamentação global para as commodities, na qual os seus preços não sejam mais determinados pelo mercado financeiro.
Os bancos manipulam preços de commodities e de moedas, como o real, nos mercados financeiros para ganhar dinheiro nos próximos dois, três anos. Não estão interessados em crescimento de longo prazo. Isso precisa ser mudado.
Por que os governos não fazem nada a respeito?
Muitos políticos não entendem o que realmente está acontecendo. Acham que gestores de bancos possam ser conselheiros de políticos. Isso não funciona. Os políticos precisam se emancipar disso. Precisamos de uma geração diferente de políticos, que não dependa do dinheiro de Wall Street e que pense no melhor para a população.
Os mercados estão forçando um novo resgate com dinheiro público, socialização das perdas?
Com a situação política nos EUA, é muito difícil imaginar que eles fariam um novo resgate. O governo está totalmente bloqueado pelo Congresso. Muitos governos vão hesitar em salvar os bancos. Por isso essa recessão pode ser pior e mais profunda do que a anterior.
O cenário mais provável talvez seja o de uma recessão japonesa, com estagnação geral, deflação. Demorará mais até que os governos comecem a entender que eles não podem continuar salvando e salvando. Mas que devem levar em conta o que acontece na economia real. A ideologia dominante diz que os governos são ruins e os mercados são bons. E, enquanto se acreditar nessa coisa primitiva, não vai funcionar
E os países em desenvolvimento?
Até estão indo bem, crescendo, mas não têm tamanho suficiente para tirar o mundo do atoleiro. Eles dependem dos países industrializados também. Podemos ir para uma fase longa de estagnação e deflação como o Japão nos últimos 20 anos. É o maior perigo.
Uma recessão pior do que a de 1929?
Eu não diria pior, mas pelo menos comparável. Da última vez, a recessão foi contida por causa da reação rápida dos governos. Mas agora não se pode esperar muito das políticas monetárias. Precisa ser do lado da política fiscal, mas ela está bloqueada politicamente. Isso é que deixa a situação tão difícil. Veja o Japão nos últimos 20 anos: sempre que o governo tentou cortar o deficit, a crise se aprofundou e o deficit aumentou. Assim, o Japão alcançou a maior dívida pública do mundo: mais de 200% do PIB.
Essa recessão seria mais parecida com a 1929 ou com a do final do século 19, que significou a queda do Reino Unido e a ascensão dos EUA e da Alemanha?
Mais com 1929, pois estamos em perigo de fazer o mesmo erro, cortando gastos públicos no meio de uma recessão.
Mas há economistas ortodoxos que argumentam que os governos deveriam cortar o deficit, que a crise significa o fim de uma era de keynesianismo?
Keynes foi recém recuperado e agora estão ansiosos por matá-lo novamente. Por isso eles chamam a crise, que foi claramente causada pelos mercados financeiros internacionais e não pelos governos, de "crise da dívida dos governos", "crise da dívida". Não tem nada a ver com crise da dívida. Os governos pagaram alguns jogadores absolutamente irresponsáveis do mercado financeiro e por isso a dívida dos governos é maior do que há cinco anos. Não há outra razão, não há mau comportamento de governos.
Está claro que economistas ortodoxos não gostam da ideia de que os mercados não tiveram um bom comportamento, que fizeram coisas erradas, porque os mercados são Deus e estão sempre certos. Eles vêm com a explicação de que é só problema dos governos, não tem nada a ver com os mercados, que não existe mau comportamento dos mercados, que a culpa é só dos governos. É uma luta ideológica contra os governos. Querem trazer os governos para baixo, enriquecer eles próprios, sei lá. Não tem nada a ver com pesquisa acadêmica séria.
O que o capitalismo pode fazer para gerar crescimento no mundo?
A coisa mais simples e mais crucial é que os salários médios das pessoas, dos trabalhadores precisam subir em linha com a produtividade da economia. É uma regra simples, que não é seguida em muitos países. Não foi seguida na América Latina no passado; hoje está melhor. Na Ásia eles entenderam isso, e os salários estão crescendo. Mas na Europa, nos Estados Unidos e no Japão, os salários não estão crescendo. Isso não funciona, os salários são o componente mais importante para a demanda privada. O capitalismo não funciona sem aumento do salário dos trabalhadores.
O tamanho sistema financeiro nos próximos anos deve ficar menor?
O sistema financeiro precisa encolher. É a grande tarefa que os políticos têm: encolher o sistema financeiro para um tamanho que seja razoável, que tenha relação com a economia e que tire o sistema do cassino.
Qual sua avaliação do movimento no mercado europeu de no nesses dias?
O BCE (Banco Central Europeu) fez uma coisa razoável, comprando títulos italianos e espanhóis. Mas isso não pode ser feito por muito tempo. No longo prazo, a única solução para a Europa é que a inflação alemã e os salários subam mais e as outras inflações declinem, fazendo com que o grande desnível entre competitividades dos dois grupos de países diminua no decorrer do tempo.
Como está a situação na Europa?
Ainda não resolvemos o problema principal da zona do euro que é a diferença de inflação entre a Alemanha e os países do sul da Europa. A Alemanha se recusa a aceitar que esse é o principal problema por razões políticas. Sou cético que de haja uma solução. Mais países vão entrar em dificuldades Itália e Espanha estão estagnadas, e se pede cortes de gastos governamentais. É maluco.
Se não há crescimento e o governo corta gastos e aumenta impostos isso leva à recessão. A Grécia não reduziu o deficit não porque não desejava, mas porque entrou numa recessão muito mais profunda do que o esperado. As receitas de impostos caíram e o deficit não pode ser reduzido.
Muitos dizem que a Itália e a Grécia gastaram de mais e, por isso, estão sendo punidas. Qual sua visão?
A moeda na Europa tem uma regra simples: é que todos devem ter a mesma inflação de 2%. Mas nos últimos dez anos a Alemanha teve uma inflação de 1%, e Espanha, Portugal, Grécia, Itália tiveram uma inflação em torno de 2,5%. Quem fez certo e quem fez errado? Alguns viveram acima, outros abaixo da meta. Não há como culpar um lado. A Alemanha violou a meta de 2% mais do que Grécia, Espanha, Portugal e Itália. Isso não é discutido seriamente porque a Alemanha faz um jogo de poder contra os outros países e tenta impedir essa discussão.
Qual sua visão do Brasil?
Acho que o Brasil está muito melhor agora do que em recuperações anteriores. Os salários estão crescendo. O que continua sendo um problema é a taxa de juros muito alta e a valorização do real é um grande perigo. Mas não há como culpar o Brasil: é o jogo do poder.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Chamada de 'Dubai das Américas', Cidade do Panamá tem praias e badalação

FREDA MOON

New York Times Syndicate 
 
Na encruzilhada de dois oceanos e dois continentes, a Cidade do Panamá é uma metrópole dinâmica. Isso nunca foi mais verdadeiro do que atualmente. Por todo lugar nesta agitada cidade tropical, há banqueiros de investimento conversado sobre trabalho em cafés refinados, estrangeiros em busca de fortuna brindando seus destinos em bares de vinho, guindastes no topo de arranha-céus que parecem crescer diante dos seus olhos e - no lado negativo - trânsito que consegue superar até mesmo o da cidade americana mais congestionada. A capital financeira internacional da América Central passa por um boom prolongado. No momento, há mais de 30 arranha-céus em construção - entre eles o Trump Ocean Club e The Panamera, que será o primeiro Waldorf-Astoria Hotel da América Latina (ambos serão inaugurados ainda em 2011). Tanta construção e badalação faz os moradores locais chamarem a Cidade do Panamá de ‘Dubai das Américas’. Eles estão apenas parcialmente brincando.

36 Horas na Cidade do Panamá

Foto 1 de 17 - Cinta Costera - um parque com calçadão de tábuas que acompanha a orla marítima da Cidade do Panamá, é ótima para patinadores New York Times
PROGRAMAÇÃO

Sexta-feira

15h - Embarcação rápida e embarcação lenta
Veja o Canal do Panamá do ponto de vista dos navios que o utilizam. No Balboa Yacht Club (Amador Causeway; 507-228-5196) tome a “rapida” para Ilha Taboga, o passeio de um dia preferido dos panamenhos obcecados por praias. A viagem de 19 quilômetros, em 30 minutos (US$ 6), parte da Amador Causeway, uma península margeada por palmeiras construída a partir das sobras da construção do canal, e passa pelo labirinto de cargueiros em fila na boca do canal. Taboga, apelidada de Ilha das Flores, é famosa por sua flora variada, suas praias e barracões de peixe. Nade no quente oceano Pacífico antes de voltar na balsa lenta das 16h30, a Calypso Queen Ferry (Isla Naos, Amador Causeway; 507-314-1730; US$ 6). O dólar americano é a moeda usada no Panamá, apesar de também ser chamado de balboa.

18h - Vinho, depois jantar
Há anos à beira de um renascimento, Casco Viejo, o antigo bairro colonial dilapidado da cidade, finalmente renasceu. A área ainda está repleta de energia criativa (e do barulho das equipes de construção). Mas, para melhor ou pior, a velha cidade ainda parece à vontade em sua pele recém-pintada de nova rica. Assista ao por-do-sol tomando vinho (US$ 3,50) ou uma cerveja panamenha gelada (US$ 2,50) enquanto as crianças do bairro brincam nos mangues diante do La Rosa de los Vientos (Calle Octava, Casco Viejo; 507-211-2065), um restaurante italiano com mesas à beira-mar. Após o entardecer, explore a cena de arte de vanguarda no Diablo Rosso (Avenida A com Calle 7, Casco Viejo; diablorosso.com), uma galeria e café que vende roupas e acessórios de inspiração retrô. Dobrando a esquina, Los del Patio (Calle 3, Casco Viejo; sem telefone; losdelpatio.org) é um café com instalações de arte recém inaugurado.

20h30 - Estilo caribenho
Como o sensual e tropical Chez Panisse, o Manolo Caracol (Avenida Central com Calle 3, Casco Viejo; 507-228-4640; manolocaracol.net) de Casco Viejo aponta um espelho para o local que chama de lar, refletindo as tradições culinárias caribenhas do país com uma autoconfiança ousada. Situado em uma rua lateral em frente a uma igreja em ruínas, o restaurante leva o nome de um famoso cantor flamenco espanhol. Mas o verdadeiro astro aqui é o dono espanhol do restaurante, Manuel Madueño, cujo cardápio do chef de dez pratos, por US$ 30, oferece preparos simples com ingredientes sazonais, como a sopa de frutos do mar ou uma salada de alface selvagem e manga verde.

22h - Calçadão ao luar
Caminhe após o jantar no calçadão, onde os amantes se acariciam ao luar. Então passe uma hora na DiVino Enoteca (Avenida A com Calle 4, Casco Viejo; 507-202-6867; enotecadivino.com), um refinado bar de vinho à meia-luz, com um presunto ibérico pendurado atrás do balcão e filmes em preto-e-branco passando silenciosamente em uma parede distante. Examine a arte no lounge, os livros de culinária e design, ou converse com a clientela de estrangeiros, artistas e intelectuais.

23h30 - Dançando ao som cubano
Mantendo seu velho espírito cubano, Habana Panama (Calle Eloy Alfaro com Calle 12 Este, Casco Viejo; 507-212-0152; habanapanama.com) se mistura aos prédios decadentes às margens do centro restaurado de Casco Viejo. Dentro desse salão de dança retrô, há um interior vermelho aveludado com fotos de grandes astros da música cubana e muitas horas para se dançar salsa. Com bandas ao vivo, um couvert modesto (a partir de US$ 10) e uma clientela com poucas inibições, este um dos pontos de dança mais quentes da cidade.


  • New York Times Taboga, apelidada de Ilha das Flores na Cidade do Panamá, é famosa por sua flora variada, suas praias e barracões de peixe

Sábado

7h - Bom-dia
Chegue cedo para evitar a espera no Lung Fung (Calle 62C Oeste, Los Ángeles, 507-260-4011), uma casa movimentada de dim sum que serve pequenos pratos cantoneses clássicos (shumai de camarão, pãezinhos com carne de porco, bolinhos de peixe e pés de galinha; a partir de US$ 2,10). A estética é familiar -lanternas vermelhas, dragões pintados e carrinhos de alimentos - mas a clientela multinacional de imigrantes chineses, empresários panamenhos, americanos e turistas europeus o transforma em um ótimo lugar para observar pessoas.

10h - Mistura euro-panamenha
Situada na casa da estilista francesa Hélène Breebaart, uma ex-representante da Christian Dior que viveu no Panamá por mais de 40 anos, a Breebaart Boutique (Calle Abel Bravo, Casa No. 5; Obarrio; 507-264-5937) produz roupas sob medida que incorporam a arte têxtil elaborada do povo Kuna indígena do país, mas com desenho contemporâneo. Guardanapos bordados custam a partir de US$ 30 o jogo; os preços das roupas variam muito e elas levam aproximadamente uma semana para ficarem prontas.

13h - Visitas ao Gehry
Vislumbre o novo BioMuseo (Amador Causeway; biomuseopanama.org) projetado por Frank Ghery, que recentemente concluiu a primeira fase de sua construção que levará vários anos. Apesar de o interior, que receberá exposições sobre história natural e ciência, só ficar pronto em 2012 ou mais, o museu começou a oferecer visitas gratuitas (apenas em espanhol). Reservas devem ser feitas com pelo menos duas semanas de antecedência.

15h - Peixe cru
O restaurante de ceviche do chef peruano Gastón Acurio, La Mar (El Cangrejo; 507-209-3323; lamarcebicheria.com), abriu com muito barulho em 2009, servindo uma seleção eclética de peixe marinado em cítricos, do clássico (US$ 7) ao peru tai de inspiração asiática (US$ 9). Para ceviche ao estilo panamenho, caminhe até a recém-construída Cinta Costera - um parque com calçadão de tábuas que acompanha a orla marítima - até o Fish Market (Panamerican Highway com Calle 15 Este), onde copos de papel de ceviche de camarão, polvo, corvina e concha-rainha custam a partir de US$ 1. Ou compre peixe fresco ou lagosta e vá ao restaurante no andar de cima, que preparará sua pesca por um preço modesto (US$ 6,50 a US$ 8,50).

19h - Necessário fazer reserva
La Posta (Calle Uruguay com Calle 49; 507-269-1076; cppty.com) é o principal restaurante do mini-império de David Henesy-Carolina Rodriguez. O local tem um ar despretensioso - ventiladores zunindo no alto, garçons sorridentes vestindo guayabera - que esconde sua popularidade. O cardápio é caribenho-italiano e é necessário fazer reserva nas noites de fim de semana. Experimente os camarones en hamaca (camarões na rede, US$ 8,50), as massas caseiras (a partir de US$ 12,50) ou os camarões gigantes com maracujá (US$ 19,50).

21h - Um brinde à rã-dourada
Tome uma cerveja após o jantar no La Rana Dorada (Via Argentina com Calle Arturo Motta, El Cangrejo; 507-269-2989), um bar ao estilo pub irlandês que leva o nome da espécie ameaçada mais famosa do Panamá, a rã-dourada. Então vá ao lounge à beira da piscina na cobertura do Manrey Hotel (Calle Uruguay com Avenida 5a Sur, Bella Vista; 507-203-0000; manreypanama.com), onde DJs tocam nos fins de semana.


  • New York Times Mantendo seu velho espírito cubano, o Habana Panama, na Cidade do Panamá, é um salão de dança retrô, com interior vermelho aveludado com fotos de grandes astros da música cubana

Domingo

10h - Brunch a preço fixo
Para uma refeição descontraída, Las Clementinas (Avenida B com Calle 11, Casco Viejo; 507-228-7613; lasclementinas.com) oferece brunch a preço fixo (US$ 24 para adultos, US$ 12 para crianças) que inclui uma seleção de omeletes, empanados, risotos e parfaits. Há revistas em língua inglesa para folhear e uma coleção de esboços de Nova York e memorabília nas paredes do banheiro.

12h - Zona verde
Entregue-se ao ritmo preguiçoso do fim de semana com uma caminhada pelo Parque Recreativo Omar (Avenida Belisario Porras), uma área verde de 56 hectares recém restaurada, no centro da cidade. Como o Central Park de Nova York, mas com palmeiras, Omar é uma fuga da vida urbana; ele possui um impressionante jardim de esculturas, a Biblioteca Nacional e uma proeminente estátua da Virgem Maria. Há também campos de futebol e beisebol, quadras de tênis e uma piscina margeada por flores. Pegue um suco de frutas frescas perto da entrada do parque. Então saboreie seu elixir tropical sob uma árvore em um gramado perfeito para piquenique.


O básico


Com três quartos projetados individualmente, o Canal House Hotel (Calle 5A com Avenida A; 507-228-1907; canalhousepanama.com) fica situado em uma mansão colonial, em uma esquina tranquila de Casco Viejo. Diárias a partir de US$ 200.

E um trecho movimentado da vida noturna em Bella Vista, o novo Manrey Hotel (Calle Uruguay com Avenida 5a Sur; 507-203-0000; manreypanama.com), com 36 quartos, tem um desenho moderno, espaçoso, produtos Bvlgari e bases para iPod. A partir de US$ 200.