Fonte: Blog do Girão - Publicação no Jornal O Estado de Minas
Edição de 17 de novembro de 2010
Faz exatamente uma semana que experimentei buchada de bode pela primeira vez. Estou vivo. Ou melhor, vivo e saudoso daquele prato que nem todo mundo conhece e a maioria torce o nariz no estilo “não comi e não gostei”. É uma injustiça... Trata-se de prato saboroso e trabalhoso, cujo preparo não é para principiantes. Requer habilidade e ciência de alguns detalhes, como o modo correto de costurar o estômago e o que fazer para eliminar qualquer cheiro desagradável que o bode possa transmitir às suas próprias entranhas.
Digo isso porque eu mesmo estava cercado de dúvidas no caminho para o Bodódromo, em Petrolina (PE), onde provei o prato. Imaginava que poderia ser um prato de aparência abominável e que eram altas as chances de largá-lo praticamente intacto, após duas ou três garfadas. Vejam só que armadilha é a falta de conhecimento: adorei o prato e seus sabores, texturas, aparência.
Para quem nunca viu ou nunca comeu, destrincho o prato. A buchada de bode que eu comi veio ensopada numa panela de pedra. São dois “buchos” recheados com uma espécie de refogado de miúdos do bode, o que inclui principalmente bofe (ninguém fala “pulmão”), fígado, coração e língua. Costurados, são servidos ensopados com batata, cenoura e retalhos de carneiro (depois eu explico porque não são de bode). O tempero principal é o coentro fresco.
Achei bastante semelhante ao recheio da buchada, porém mais “molhado”. Estava gostoso, mas senti falta do sangue do bode para dar mais sabor e consistência à receita. O simpático proprietário da Buchada & Cia, onde comi tudo isso, me explicou que não usa o sangue para atender a preferência da freguesia, um tanto receosa em consumi-lo. Uma pena.
quinta-feira, 18 de novembro de 2010
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